O Analfabetismo Funcional e o Uso do Celular

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”.

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”. Mario Quintana (1906-1994), poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

Ter concluído o ensino fundamental, mas não conseguir escrever corretamente, ler e interpretar textos ou fazer operações matemáticas simples, do ponto de vista técnico é considerado analfabeto funcional (AF).

Cerca de 13% dos brasileiros que terminaram o ensino médio se enquadram como analfabetos funcionais segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Todavia, estudos recentes trazem à tona novos olhares sob a perspectiva do letramento.

Enquanto na sala de aula o uso do celular cause distração, impactando negativamente o aprendizado, para adultos não alfabetizados, por exemplo, os smartphones têm se mostrado ferramentas de inclusão. De acordo com a doutora Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque, Reitora do Ceumi Fametro, os AF’s se valem do celular para acessar perfis na Internet.

“Cerca de 86% dos AF’s usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram”, avalia a pesquisadora. Mesmo considerando as diferenças percentuais entre os usuários do Whatsapp, por exemplo, o índice de 99% de alfabetizados contra 92% dos analfabetos funcionais chama atenção.

Novas Discussões sobre o Analfabetismo Funcional

De acordo com a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) em 2019, existem no país cerca de 230 milhões de celulares ativos.

Ainda segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional o uso do celular tem se mostrado como importante ferramenta de inclusão para os analfabetos funcionais. Os números estatísticos apontam que 72% dos AF’s usam o celular, sendo que 58% se valem dos smartphones para se conectar à internet.

A UNESCO ao tratar do tema sob perspectiva censitária destaca que analfabetas funcionais são pessoas com menos de quatro anos de estudo (Alfabetização de Jovens e Adultos no Brasil: Lições da Prática, Brasília, 2008). Porém, Ribeiro confronta o conceito ao defender a “dimensão relativa, devido as demandas de leitura e escrita colocadas pela sociedade” (Letramento no Brasil, Educação & Sociedade, v. 23, n. 81, p. 49-70 2002).

Desta forma a efervescente discussão sobre a terminologia “analfabetismo funcional” se contrapõe ao “letramento” como nova dimensão conceitual. A partir da década de 80, o termo letramento designa “aqueles que não mais pertencem ao grupo dos analfabetos, porque leem e escrevem a partir de habilidades adquiridas”. Isto justifica o uso do celular pelos chamados AF’s, sustentam estudiosos.

Estatística e Novos Olhares

Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) apresenta dados. Dos analfabetos funcionais que utilizaram a internet nos três meses que antecederam a aplicação da última edição do Inaf, 35% o fizeram para enviar ou receber e-mails.

Porém, apenas 13% usaram a rede para procurar informações em enciclopédias ou em dicionários digitais e somente 4% se inscreveram em cursos a distância. Uma parcela considerável (39%) buscou informações sobre saúde ou serviços de saúde, conferindo um caráter instrumental ao recurso.

Destaques entre Analfabetos Funcionais

… que têm de 15 a 24 anos, 72% usam internet.

…que têm de 50 a 64 anos, 21% usam internet.

Destaques entre Analfabetos Consolidado

…que têm de 15 a 24 anos, 97% usam internet.

…que têm de 50 a 64 anos, 78% usam internet.

Acesso a Pesquisa Completa


https://bit.ly/3Tn7aA7

Jael Eneas

Viver Editora

Assessoria de Comunicação

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