A parceria entre o escritor e o ilustrador

“Design é função, não forma.”

“Design é função, não forma.” – Steve Jobs em The Guts of a New Machine, New York Times, 30 novembro de 2003.

Face ao impacto da literatura no imaginário humano, pode-se dizer que todo dia é Dia do Escritor. De perto, a imagem, o design e o texto são parceiros. Especialistas afirmam que o “cérebro primeiramente vê e depois ouve, ou seja, inicialmente, é a imagem quem fala”.

Enquanto para Steve Jobs o “design é função, não forma”, para o CEO da BUCATER.com, Farah Bucater, “design é a busca constante da forma, uma forma de sensibilizar a alma”. A escritora e ilustradora Lorena Kaz fará a seguir um passeio pelos meandros da ilustração de um livro com um olhar especial para a literatura infantil.

Pela Editora Via Lúdica, Kaz é autora de “Jornada na Terra ao Centro de Si”, além de publicar outras obras autorais como “Morrer de Amor, Continuar Vivendo” e “Eu Nunca Mais Vou Deixar Você”.

1. Pode-se comemorar a parceria entre o escritor e o ilustrador no Dia do Escritor?

Lorena Kaz

Com certeza. Eu, como ilustradora, acredito que em livros ilustrados, o ilustrador também desempenha um papel de autor, porque ele contribui com sua imaginação, sua visão e sua subjetividade para formar a imagem que se criará na cabeça do leitor.

2. Como seria essa parceria em um livro infantil?

Lorena Kaz

A parceria seria vital. Como autora e ilustradora, acredito que, no caso do livro infantil, a imagem acaba sendo ainda mais importante do que o texto, inclusive sendo até capaz de contar uma história sozinha. O ilustrador é, sem dúvida, um autor, especialmente em casos de livro-imagem ou com pouco texto.

3. Na literatura infantil, a ilustração tem papel de magia?

Lorena Kaz

Acho, sim, que a ilustração tem o papel de complementar o texto, assim como o texto complementa a ilustração. Acredito que, no livro infantil, não exista uma hierarquia do que é mais importante.

4. Você acredita que o ilustrador deve ser intencional?

Lorena Kaz

Com certeza. A ilustração assume o papel de mostrar a intenção do autor, sugere o caminho pelo qual o leitor deve seguir, além de indicar o tipo de sentimento que se pretende gerar. A ilustração traz informações adicionais a respeito da história a ser contada. Há histórias que, se não forem ilustradas, não serão compreendidas.

5. De que forma a imagem fala?

Lorena Kaz

Em relação ao texto, a imagem fala mais diretamente ao coração. O texto passa por uma decodificação racional, isto porque as palavras precisam ser interpretadas. Além disso, as palavras têm significados específicos. Uma imagem gera resposta emocional mais rápida. Para mim, esta é a grande magia da ilustração: falar majoritariamente ao coração e não necessariamente à razão!

6. Como foi ilustrar o livro “Jornada na Terra ao Centro de Si”?

Lorena Kaz

No caso do livro “Jornada na terra ao centro de si”, eu sou autora e ilustradora, então fica impossível para mim separar roteiro e imagem. Quando faço um quadrinho, sempre uso o verbo “fazer”; não escrevo ou ilustro um quadrinho, porque, na minha criação, imagem e texto vão juntos.

7. Fale um pouco mais sobre isso…

Lorena Kaz

Quando penso no quadrinho, penso mais na imagem e na emoção que quero passar. Desta forma, o texto, para mim, é complementar; por isso, utilizo o texto somente quando necessário. Se for possível fazer um quadrinho que se explique, sem palavras, eu o farei. Assim, tento falar o mais diretamente ao coração.

8. Na caminhada criativa do “Jornada na Terra”, você encontrou desafios?

Lorena Kaz

Creio que construir um traço próprio, que seja natural e original o suficiente para ser reconhecível, como o traço de um ilustrador específico, é o maior desafio para qualquer artista. Até hoje, não tenho certeza se consegui, pois, uso traços distintos para trabalhos distintos e, inclusive, às vezes, esses traços se modificam.

9. Deixe suas palavras finais para os leitores.

Lorena Kaz

Oi, gente, espero que vocês gostem do livro “Jornada na Terra ao Centro de Si” e que ele possa ser capaz de proporcionar alguma reflexão.

Uma curiosidade sobre esse livro é que eu não gostava da personagem Rosa na história do pequeno príncipe. Minha ideia com esse livro era tentar mostrar um pouco mais da personagem, dos seus medos e inseguranças, e como as nossas próprias dificuldades podem nos fazer parecer pessoas ruins para os outros, enquanto, no fundo, estamos sendo ruins para nós mesmos.

Durante a criação e ilustração dessa história, aprendi a gostar mais da Rosa. Espero que algo também possa mudar para melhor dentro de cada um.

Jael Eneas

Lúdica Via Lúdica

Assessoria de Comunicação

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