O historiador israelense Yuval Noah Harari, autor de “21 lições para o século 21”, prevê que até 2050 haverá cinco importantes mudanças no mundo do trabalho. A obra de 2018, que se propõe responder à pergunta “o que está acontecendo no mundo hoje?”, no capítulo “O Desafio Tecnológico”, abre a discussão sobre o trabalho com uma frase de impacto: “quando você crescer, talvez não tenha um emprego”.
Sem dúvida, observam-se drásticas mudanças no mundo do trabalho, principalmente pelos avanços da Inteligência Artificial (IA) e da biotecnologia. Devido à automação, profissões certamente deixarão de existir, por outro lado, profissionais altamente especializados com viés tecnológico serão demandados pela indústria, comércio e setor de serviços.
Até onde a IA vai impactar o mundo do trabalho? Aqui entra a questão do aprendizado. Yuval Noah Harari fala de dois tipos de habilidades no ser humano, uma física e outra cognitiva. No início da Revolução Industrial, as pessoas foram substituídas por máquinas, no quesito trabalho manual, ao passo que as habilidades cognitivas eram características dos seres humanos. Isso porque as máquinas não conseguiam aprender, analisar, decifrar, comunicar e interpretar emoções. Com o advento da IA, o machine learning altera o cenário ao desempenhar essas habilidades tão bem quanto uma pessoa. Para o historiador, a única coisa certa é que muito do que é ensinado nas escolas de hoje será irrelevante daqui algumas décadas.
O Aprendizado
Ao analisar a obra “21 lições para o século 21”, a historiadora Olívia Baldissera, analista de conteúdo da Pós PUCPR Digital, destaca que Yuval Noah Harari divide nossas vidas em duas fases principais, uma voltada ao aprendizado e outra para o trabalho.
O autor enfatiza que, “na primeira fase, construímos uma identidade estável e adquirimos habilidades comportamentais e técnicas. Estas são empregadas na fase do trabalho, quando contamos com elas para nos guiar no mundo, pagar nossas contas e ainda contribuir com a sociedade”, escreve.
Yuval Harari prevê que, no mundo do trabalho de 2050, essa divisão estará ultrapassada, pois a fase voltada ao aprendizado nunca termina. No novo modelo, no qual o paradigma é o do lifelong learning, as pessoas devem continuar a aprender ao longo da vida. Para permanecer relevante no mundo do trabalho, o profissional deverá se reinventar várias vezes, mesmo depois dos 50 anos de idade.
No século 21, estabilidade é um luxo. Quem se apegar a uma identidade imutável, a um único emprego e a uma visão de mundo permanente ficará para trás. O que pensa você sobre isso? Em sua agenda pessoal a requalificação profissional está em destaque?
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