“Numa sociedade com base no conhecimento, por definição é necessário que você seja estudante a vida toda.” – Tom Peters (1942), guru e escritor americano.
Na cena escolar, celebrar é mais do que um rito; é um momento de reconhecer trajetórias e refletir sobre as expectativas futuras. Do latim “celebrare”, o termo significa “honrar, fazer solenidade”, o que, na cultura do conhecimento, se traduz em “reconhecer quem é digno de honras”.
O mês de dezembro, portanto, é um mês de agenda cheia nas escolas, colégios e universidades. No âmbito das solenidades formais, é tempo de correria para fechar notas, contabilizar cargas horárias e integralizar currículos. Para famílias com filhos que concluem etapas na educação básica, é hora de emoção, becas e formaturas.
Trajetórias acadêmicas são vivências pessoais e coletivas, por vezes intransponíveis, e por isso, mesmo precisam ser celebradas. Isso porque solenidades marcam ritos de passagem, conquistas realizadas, fim e início de novas etapas.
Na obra “Os Ritos de Passagem” (1909), Arnold van Gennep (1873-1957), esquematizou os ritos em três categorias: “agregação”, “margem” e “separação”. O nascimento, por exemplo, seria um rito de agregação, enquanto os ritos funerários, de separação.
Por esta concepção, Gennep identificou as celebrações de formatura, como sendo categoria de “margem”. Neste sentido elas se mostram extremamente relevantes por demarcarem fases de autonomia na formação da identidade. Eisenstadt (1976, p. 1) afirma que
a idade e as diferenças etárias estão entre os mais básicos e cruciais aspectos da vida humana e determinantes do destino humano. Do nascimento até a morte, cada indivíduo passa por diferentes fases etárias: infância, juventude, maturidade e velhice. Em cada uma são executadas diversas tarefas e têm-se diferentes posições em relação aos outros membros da sociedade. A estrutura etária promove a integração social, sugere comportamentos sociais e cria uma interação entre os indivíduos. Não se conhece nenhuma sociedade que não distinga as várias “idades” e não as defina por meio de normas e valores de sua tradição cultural. EISENSTADT, S. N. (1976). De geração em geração. Trad. Sérgio P. O. Pomerancblum. São Paulo, Perspectiva.
Se os ritos de margem constroem autonomia e identidades (Van Gennep), e se cada passagem de rito, entre as estruturas etárias, promove a integração social (Eisenstadt), então, pode-se concluir que valorizar, reconhecer e distinguir o mérito acadêmico por meio de cerimônias é também atender a uma necessidade humana fundamental. Por isso, não economize emoções, invista tempo para reconhecer que valeu a pena persistir na caminhada.
Se for seu filho, celebre com pompa e circunstância; e, se for você quem concluiu uma etapa acadêmica, festeje o momento, pois a conquista não é o fim de uma etapa e nem a linha de chegada, mas o ponto de partida para a sua próxima vitória.
Jael Eneas, Blogger
Viver Editora
Assessoria de Comunicação
