Como toda moeda tem duas faces, inovações tecnológicas também apresentam seus desafios. Embora a IA tenha entrado na vida cotidiana, percebida tanto em um simples contato corporativo para pedir informações como nas inter-relações mais complexas; por outro lado, pesquisadores de diversas áreas têm apontado uma lista de desafios sensíveis, entre eles, impactos principalmente na área da formação cognitiva das crianças.
Aparecem na lista das vantagens inúmeras contribuições que fascinam os educadores. Não apenas a inclusão digital (por exemplo, o desenvolvimento de ferramentas educacionais para alcançar comunidades remotas e carentes) como também os assistentes virtuais (que personalizam o aprendizado e facilitam o acesso a informações) se constituem em inegáveis aportes para a educação. Outras vantagens:

- Aprendizagem flexível. Alunos podem estabelecer horários e locais para aprender. Nesse contexto de liberdade, a IA é capaz de recomendar conteúdo relevante com base nas preferências e no progresso do aluno.
- Avaliações automatizadas. A coleta de dados pelas plataformas de aprendizagem possibilita corrigir conteúdos, dar feedback, sugerir repostas, além de criar relatórios de forma automática on demand.
- Recursos interativos e lúdicos. A IA oferece um playground de opções, em que tarefas escolares se transformam em caminhos para experimentação e descobertas – nada melhor do que por meio de brincadeiras e ações lúdicas interativas.

“A inteligência artificial é apenas o meio.” Juliano Kimura
No âmbito dos desafios, pesquisadores do tema alertam sobre perigos iminentes. Entre as preocupações aparece o fato de os alunos tornarem-se dependentes dessa tecnologia em prejuízo do livre uso da criatividade, do exercício da autonomia, inclusive cerceando a reflexão, a originalidade e o pensamento crítico.
A Unesco, em Relatório de Monitoramento Global da Educação (“A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”), publicado em 2023, argumenta:
[…] grupos desfavorecidos possuem menos aparelhos, estão menos conectados à internet e têm menos recursos em casa. O custo de boa parte das tecnologias está diminuindo rapidamente. Mas ainda é muito elevado para alguns. Núcleos residenciais com melhores condições podem adquirir tecnologia primeiro, o que lhes dá mais vantagens e aumenta as disparidades (Disponível em: https://linkja.net/Unesco_jipe).

“Para não ser substituído por um robô, não seja um robô.” Martha Gabriel
- Privacidade e segurança. A IA coleta e analisa grandes volumes de dados; por isso, pode tornar esses dados comprometidos, sem falar de privacidade e segurança pessoal.
- Dependência tecnológica. Impactos no desenvolvimento cognitivo-emocional devido ao excesso de tela devem ser considerados com atenção pelos educadores. Além disso, a fragilidade da ferramenta diante de hackers e ataques cibernéticos também deve ser levada em conta.
- Substituição de habilidades humanas. O ser humano não deve abrir mão das habilidades essenciais para a cidadania – como julgamento ético, empatia, criatividade –, que podem ser cerceadas pelo uso acrítico da IA no contexto educacional.
A verdadeira liberdade está na condição do homem de refletir, arrazoar, sem perder de vista a autonomia e o senso crítico para fazer da reflexão um ato da sua própria liberdade.
Jael Eneas, Educador
Viver Editora
Multiverso das Letras